segunda-feira, 26 de abril de 2010

Pirilaus de Vila Nova da Barquinha


Lenda do Moinho de Vento

(Polígono de Tancos)


Já lá vão tantos e tantos anos que não será possível contá-los pelos dedos.
Ele lá estava , inocente, a cair de velho, à espera de alguém que lhe deitasse a mão.
Das velas, nem uma réstea que servisse de amostragem, e o redondo da estrutura já desmoronava.

Na minha passada miudinha, própria de um menino de tenra idade, passava por ali, na companhia da minha avó Felicíssima. Ao deixar para trás o velho Moinho, seguíamos estrada fora até a azenha do Reles Bicho. Ali, a talega do milho, resultado do Rabisco, era trocada por farinha, que acabaria em pão no forno do Aparício.

Muito em jeito de Forno Comunitário, permitia o bondoso do dono que os pobres da Vila da Barquinha, tivessem aquela regalia. Mas a ida à azenha do reles Bicho, estava relacionada com o valor da maquia. Numa altura que os ganhos eram poucos e o comer tinha que dar para muitos, a minha avó, já com a saquita da farinha à cabeça, a desconfiar de tão pouca fartura, lá me dizia:.
- Olha filho, a gente muda de moleiro, mas não muda de ladrão.
E, apanhando o fresco da manhã, tinhamos a primeira paragem no Fontuário sobranceiro ao Moinho de Vento. Aí, enquanto minha avó descansava, eu tentava ler nas pedras do Moinho a sua brilhante história. Ao sentir-me chocado pelo seu estado de abandono, também me ressaltava à ideia, que nem só "as árvores morrem de pé".
Lá dentro, sem respeitar a saudade deixada pelo último Moleiro, um atrevido Zambujeiro, em jeito de ocupação selvagem, ía impondo a sua presença, como o bestunto fosse o dono do singelo Monumento.

E a minha curiosidade levava-me a pedir à minha avó explicações sobre o funcionamento daquela máquina. E a pobre velhota lá dizia: primeiro temos a Moega, aonde se deita o cereal. Depois, a Mó andadeira que recebe o movimento a partir do vento, dado que a outra é fixa e dá pelo nome de Poiso. A peça que puxa o cereal da Moega para o orifício da Mó, a fim de resultar em farinha, chama-se Cadelho. Saltita por cima da Mó andadeira, e vai puxando o cereal. Mas para o pão alvo, há que utilizar outra Mó, e no Picar da Pedra é que está o segredo de uma boa farinha.

Da sua explicação, levou-me a fazer um versinho a um amor escondido que tinha na minha rua:


Moinho de Vela branquinha
A Mó a moer o pão
Só me lembra a Fernandinha
A moer-me o coração

Mas a Fernandinha foi ouvir versos para outra freguesia, eupor cá fiquei preso às bonitas histórias da minha avó e às belezas que começam a despontar em todo o meu Concelho.

E, junto ao Moinho, olhando o Tejo, lá via passar os barcos carregados de pedra para os rombos da Má-Lã, Patacão, Labruja deixados pela última cheia. Homens do Tejo para quem o Tejo foi vida, dor e alegria. Muitos já caíram no esquecimento, mas vale a pena lembrar uns em memória dos outros: O Zé Bragança, o Joaquim matuto, o Barbisco, o António Matuto, o Álvaro Relampantão, o Raul Vadío, excelente cozinheiro cujas receitas mereciam uma recolha.

Por todos eles, quedo-me no meu silêncio em descanso das suas almas.

Ali perdia horas, quando minha avó subia a meia encosta e me deliciava com a beleza da sua Lenda. E, ao mesmo tempo em que me dizia que todas aquelas Azenhas, os Moinhos de Vento e o próprio Lagar de Varas, foram pertença da Ordem dos Templários que, na época, cultivavam todo o Vale de Laveiros.

Também me dizia que o Moleiro, além do trabalho, vivia dividido entre um sorriso e uma lágrima. Um sorriso, quando em noites luarentas, via o vetusto Castelo de Almourol esbatido nas águas do Rio, sobressaindo de todo o cenário a bonita Torre de Menagem. Uma lágrima, quando via passar no outro lado da encosta os Condenados a a caminho do Cadafalso. É que, segundo a minha avó, o povoado de Tancos tinha a justiça em Última Instância.

E lá me ía encantando com tanta sabedoria que, por instantes, ficava preso ao Adágio Popular " Cada velho que morre é uma Enciclopédia que se perde".

De uma memória de meter inveja, apontava-me o janelo, por onde o Moleiro espreitava o Tempo para orientar as velas e por onde via passar de quando em quando o bondoso Frade Ambrósio, que aproveitando um caminho pedonal, que vinha do Convento do Loreto, tomava o caminho do cais de EL-Rei, que ficava ali a dois passos. De chapéu preto de aba larga, envolto no seu farto capote, carregava numa das mãos uma bonita cesta de verga, rematada no fecho com duas asas. Orgulhoso da sua nobre missão, Confessor das Noviças e das Freiras do Convento de Odivelas, tinha acedido ao honroso convite da Madre Paula, Madre Superiora daquela instituição.

De quinze em quinze dias dias, do Cais de EL-Rei ao povoado de Sacavém, seguia de água abaixo o bom frade, aproveitando o tempo de viagem para estudar as penitências.

No Reino vivia-se em franca prosperidade. Era senhor do Reino de Portugal, o monarca D. João V e o ouro que vinha do Brasil permitia a felicidade de muita gente. O Clero e a Nobreza eram os mais bafejados, e os Conventuais viviam à tripa-forra. Pela fartura e com farinha produzida ali no Moinho, os Frades começaram a ensaiar a sua doçaria.

Segundo a lenda, e em homenagem às gentes do Tejo, logo o primeiro bolo a fazer-se no Loreto, veio a ter o nome do barquinho.

E, nas suas regulares visitas ao Convento de Odivelas, não se esquecia o Frade Ambrósio de levar um bolinho para cada residente.

Quando o Trem transpunha o portal de cerca do Convento e a sineta anunciava a chegada do Frade, logo aumentava a ansiedade.

Como o bolo se apresentava de uma forma cilíndrica, as Freiras não tardaram a chamar-lhe o Pirilau do Frade Ambrósio.

Reza a lenda que, no Convento, passou a haver desassossego por causa do Pirilau, e, ao que se sabe, até a madre Paula não escapava à tentação.

Pelos vistos a doçaria do Convento do Loreto tinha muita qualidade. Mas, apesar de tanto entusiasmo, o imprevisto veio a acontecer e, no Convento de Odivelas, o Pirilau do Frade Ambrósio, acabou por cair em desgraça. De uma falta de interesse de bradar aos céus, as Freiras já não o procuravam. Por essa altura, dizia-se à boca pequena que a Madre Paula era amante de EL-Rei D. João V, mas o Frade Ambrósio, alheio ao que o povo dizia, não esperou por mais tempo e, de confissão em confissão, veio a descobrir que as Freiras já faziam marmelada.

No Convento do Loreto, ninguém queria acreditar e, logo começaram a aparecer Bolos com formatos pouco ortodoxos. É que, além das Barrigas de Freira, já tinham perdido o controle das boas maneiras.

Quem não esteve pelos ajustes, foi o Frade Superior que, por castigo, vendeu todo o gado existente nas Cavalariças, obrigando os Frades a andarem a pé. Até dizia que um Frade apeado pensava melhor do que um Frade bem montado.

Com a ideia os Frades ficaram desolados, mas vieram a saber que ali, havia um Deus a governar.

Talvez por esta medida, as Pias aonde os animais por tantos anos beberam água, ornamentam ainda hoje o bonito Chafariz da Vila Nova da Barquinha, a quem o povo trata por Chafariz Velho.

Mas voltando à marmelada, depressa veio a fama e os doces do Convento de Odivelas pousaram para a história.

Menos sorte tiveram os Pirilaus do Convento do Loreto que, se viram abafados pela marmelada das Freiras.

E aqui está a história de um bolo, que apesar de uma longa caminhada, chegou aos nossos dias. Ele que foi a cobiça das Noviças e das Freiras, guarda religiosamente o nome que recebeu no Convento de Odivelas:

O Pirilau do frade Ambrósio

terça-feira, 13 de abril de 2010

A minha horta e jardim

Agora que estou xecando a velhice, é que me apeteceu fazer uma horta e jardim em vasos...podia dar para pior! Até parece que não tenho nada para fazer! Mas estou adorando.

As Malvas

Sardinheira

Cravinas

Estas não sei, voçes sabem?

Um cantinho...
As ervas aromáticas de compra são boas, mas as comidas preparadas com as plantas frescas...ainda melhor.

Tomilho

Oregãos

Cebolinho

Majericão
Que por esta altura do campeonato, o Tininho fez o especial favor de o comer todinho, só deixou uns talos, depois ficou de diarreia. Bem feito para não por as dentuças onde não deve...
Hortelã
Aquase, Idem aspas aspas
Ah tininho, se se apanho, mordo-te as orelhudas!

Erva Cidreira, a rebentar...


Pão Duro

Têm pão duro em casa? Por favor não o deitem fora, tem várias utilizações; açordas, sopas(sejam elas Alentejanas, ou não) pudins de pão, pão ralado simples ou com ervas aromáticas... a vida não está fácil, tem que ser tudo muito bem aproveitado, e como diz o provérbio: é na poupança que está o ganho.
E indo por esta ordem de ideias, lá dizia o grande génio Antoine Lavoisier: "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".
Para as pessoas queridas que visitam o meu blog , aqui vai uma das ideias (que alguém criou) como aproveitar o pão duro...
Cortar ou abrir a quantidade que se quer...eu abri uma chapata durissíma, em duas metades...
Forrei com molho de tomate de compra, escolhi o napolitana, mas pode ser qualquer um e a marca não importa.
Espalha-se depois por cima, um fio de azeite
Depois, abri uma lata de cogumelos, cortei em fatias e espalhei em cima e acrescentei azeitonas pretas, descaroçadas...

Salpiquei com ervas aromáticas, podem ser secas, de compra; ou frescas...

Cortei bocados de fiambre e pus por cima...

E depois foi a vez do queijo.
Levei ao forno quente, até derreter o queijo...

Eis o produto final.
E soube-me deliciosamente de 2 maneiras, no paladar e na carteira. Porque geralmente temos sempre estes ingredientes em casa, toda a gente gosta, a criançada e adolescentes ainda mais, e serve também para um lanche ajantarado, em um grupo de amigos.

Cornucópias

Há umas semanas atrás, através de blogs vi as cornucópias. Enquanto não arranjei as respectivas formas, não descansei...procurei via net...nada! Uma complicação! depois fez-se "luz" e lembrei-me de telefonar para o Bras &Bras, em Lisboa. Fiz a encomenda e mandei guardar, depois liguei para a minha irmã e ela foi lá buscá-las e...já as tenho comigo.

Para quem quizer saber, uma dúzia custou-me 23€uros e qualquer coisa, puxado não?

Agora trago na ideia as formas de Bolinhos de Arroz. Vai ter que ser da mesma maneira...desculpa lá Belinha, fazes também este favor? Obrigado.


Cá vamos à receita:

Ingredientes:
3 - rolos de massa folhada do Lidl
1 ovo batido
q.b. Doce de ovos de compra

Facultativo a canela, o chantily e as cerejas.

Untar por fora, as formas, com um guardanapo de papel humedecido com um pouco de óleo.
Abrir o rolo de massa folhada e cortar no comprimento, tiras com 4cm de largura.
Enrolar (começando no bico) cada tira a uma forma...

Pincela-se com o ovo batido e vai ao forno. 200 º +- 20m.
É engraçado que a massa a cozer vai "empurrando" a forma para fora...



As formas "saem" com a maior das facilidades!!!
Fiz uma bela fornada, sim senhor... e como elas ficaram bonitas!!!





De manhã foram recheadas com o doce de ovos. Em algumas, pus um pouco de chantili e uma cereja.
E levei para o escritório. Todos os que provaram gostaram muito.

E sobrou uma!
Agora que tenho estas formas, estou ansiosa para experimentar fazer a Bolacha Americana.
Aguardem...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Oriana em aprendiz de patins em linha

Hoje foi o dia escolhido para a minha colega de trabalho e amiga, aprender a andar de patins.
E eu como professora...
Aqui está ela na 1ª pose ... antes de pôr os "pés" no chão.Estava cheia de "nhufa"mas, com coragem para o que desse e viesse, isto é os "bate-cus"... que nunca aconteceu!


Pés no chão e...coragem.





















Primeiro agarradinha à parede, depois já sem ajuda... e, sem ir ao chão...
Fácil... daqui a um mês já vai subir e descer passeios e outras "avarias".

O video, é para regalo dos nossos olhos...